sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Crendices


Não há uma pena
Que possa
Esvaziar
O que não entendo
Aqeuele famoso Nada-Oco
Me sugando seios invisíveis
Interrogando inevitávelmente uma fúria calada
Que só posso ouvir ao grito baixo
Que nem dou espiralmente
Se pudesse ao menos ensurdecer
O quê não estou apta a saber
Te sentir, dói
Dói segurar
Aquele colorido achatado que você vê quando ouve algo que ama
Achata minha crendice
E lembro que
Tem tempos que parei de acreditar

Vou por


O café e o cinzeiro fumaçando
Assim como minha cabeça
E minhas mãos
Queria, como sempre quis
Uma brecha dentro da minha mente
E tão difícil, Apenas ouvir
Apenas ver você
Sou tão repetida de mim
Tão rabiscada de passado
Que se você não olhar bem
Vou por te enganar
Como me engano nessas décadas todas
-Entenda, não é quem você é
E sim o quê penso de você
O que me iludo de você
Quanto mais se pensa em viajar
Mais estaco no mesmo lugar
E se você fosse mais problemático
Talvez pudesse me encontrar.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Rotatividade

   I  ATO

Uma caneta escorregou dos seus dedos frio, parecia estar em uma imagem de Londres, bucólica e cor de cinza.
Alguns raios abandonavam o céu trazendo a noite apática, enquanto o relógio da parede parecia nunca alcançar o tempo necessário para poder sumir daquele cubículo.
Existiam vários como esse nesse edifício, mas apenas esse exalava pressa, ansiedade e excitamento.



Jacques se levanta, desliga o monitor e caminha até o banheiro. Ela sabe que os cubículos ao lado a observam passar. Seu sexo é o pensamento dos seus companheiros de trabalho, mas Jacques nunca os corresponde. Para ela não é novidade o prazer que eles buscam em sua cama, mas ela vive a ponto de vomitar-lhes.

Não havia nada no sexo que ela já não saiba. E isso que a aborrece mais.
Evitando pensar neles, ela se tranca no banheiro gelado e pateticamente branco, senta-se na tampa da privada e deixa seu corpo prazeroso aproveitar os minutos que restam, sozinha..

 II  ATO

Os passos dele se suavizaram a tocar a avenida, era dia, perto da madrugada, os primeiros comerciantes iniciavam a correria da manhã mal começada. Ele atravessou a calçada e um sujo panfleto atravessou seu caminho, que o convidava a uma exposição irreverente da carne podre humana no couro animal.
Parecia irônico, largar a arte na semana que recebe um convite, por puro acaso do caso.


Algumas meninas bêbadas riam insolentes na esquina dividindo um cigarro sujo, se escancarando a direção alguma. Ele se deparou consigo as observando como um bobo objeto fora do cenário, enquanto a mocinha de cabelo esvoaçante lhe atira a guimba entre seus pés e ri em disparate, pois não consegue soletrar "desculpe".
As amigas coloridas a encorajam a ir até ele, mas quem vai é o próprio.

 III  ATO

Assim que Marcus girou a chave liberando a entrada, ela o puxou para dentro, invadindo o ar do gosto de álcool e cigarros da noite mal acabada. Ela o beijava com olhos alcoolizados, as mãos ligeiras desmanchando a blusa.
Ele porém, mal se movia centímetro, apenas esperando-a tomar forma e o conduzir a qualquer que fosse o cenário.


Ela encarava o chão em uma guerra particular, revelava os seios pequenos, as coxas abertas mostrando o sexo tão despudoradamente.
Apenas o que não se encaixava no quadro era seu rosto pouco convincente, sua apatia e desamor a ele estendidos, sem excitamento, sem emoção, lhe fazendo um apelo mudo.


Quando já não pode mais olhar, se rendeu ao pedido se deitando ao seu lado como um dar de ombros, colocando-se a beijar a água salgada que despencava dos seus olhos, desejando então uma boa noite, um bom dia.

IV  ATO

Acordou sem abrir os olhos sentindo o som da música emprestados do apartamento ao lado, encarou o teto e o relógio parado junto a cama. Jacques regulava toda sua rotina, todos os horários do seu dia eram observados e cheios de obrigações, exceto o domingo. Esse era o dia sem hora e sem gente,  onde ela era dona de todas as horas. Sentia-se sua própria dona de um mundo feito em uma canção de bossa nova. 


Acendeu um cigarro sentindo a fumaça espessa levar as lembranças torpes e meio borradas da noite passada, que justificavam sua inquietação e necessidade de calcular seu tempo. Como não sabia o que era tal coisa e o que a havia acometido, se prontificou a não fazer nada, exceto ouvir a canção roubada, como ela diria.

V  ATO

Irritado consigo, reabriu seu passado mais cedo e quando percebeu era noite. Não tinha comido nem bebido nada, apenas ignorava sua dor e exaustão.
Telas estranhas o censuravam agora e por pouco poderia jurar que jamais as tinha visto, como se elas tivessem sido arrancadas da sua mente em um ritmo tão ligeiro que o corpo não acompanhou.


Nenhuma das cores e formas poderiam fazer demonstrações de como ela era por dentro, do que ele tinha visto, ou do gosto dos seus olhos. Seus dedos cobertos de tinta substituíram os pincéis nas telas e nada realmente se parecia com suas imagens, podendo ver agora que sua mente havia lhe traído.
Em um canto aflito da janela via os letreiros reluzentes em neon o intimando a rua. Mas essa noite iria ser só de tintas, tentativas e dela.

VI ATO

Aquele som a atormentava, os carros agitados de fim de semana com suas buzinas estridentes, que mais a distraiam que a guiavam. Ela resgatava nas lembranças onde a sede insuportável começou e piorou. Só queria não chamar a atenção dos seus cúmplices do tráfego que buscavam seus seios balançando no trôpego, chamando para si toda atenção dos seus demônios pessoais.

 

Pareceu estúpido, endemoniar homens e correr ao encontro de um.
Um dos seus observadores se posicionou em sua direção e ela o ignorou rapidamente. Em algum lugar do mundo das horas era tarde, e ela só.
Por um instante sentiu culpa pelo desejo dos outros homens e quis que isso parasse para que pudesse seguir seu caminho sem medo, mas para sua desgraça, um botão de sua blusa se desprendeu, enchendo a gula da malícia. Andou apressadamente, se se esforçasse sentiria as mãos grandes já pousadas sobre ela.

 VII ATO

Seus olhos abriam e fechavam em sufocamento, era como se os olhos tontos vissem pela primeira vez, suas bocas estavam secas em curvas de sons incompreensíveis, e nada era humano em um dialeto bizarro.
Suas mãos agarravam ao lençol da cama com veemência, seus joelhos levemente curvados oferecendo seu calor que fez queimar todo o corpo, o chão, o metal.
Se movimentaram juntos em contraste corpóreo, se arregalando de espasmos viscerais e pode sentir que alguma coisa estava errada, ou certa demais.


Era algemada por pernas em posição de rendição, mas dessa vez ela não queria comandar, só queria poder brincar de domingo e esticar essa sensação, para sempre.


A cada entrada, a cada saída, se sentia mais próxima no centro de todos os pecados carnais, não haveria um só desejo que seu corpo pedisse, que pudesse negar e ela em resposta não ousou se modificar, apenas estendeu o corpo, se colocando despudoradamente a ele, em um pedido de mais.


Seus seios em auto-relevo se misturavam a cabelos soltos, enroscados, cada vez mais rápidos, cada vez mais urgentes, impiedosos e prazerosos. S suor lhe escorria pela nuca, enquanto a mente agitada não captava todos os sentidos ao mesmo tempo, apenas explodia em gemidos de gozo, realização e prazer.

 

VIII ATO

Ela ajeitou o relógio do domingo encerrado e já era hora de contar as horas.
Ele ajeitou as tintas e as telas e as jogou fora.
O gosto do seu sexo por dentro em nada tinha gosto de tinta..

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Crônismo


Preciso, indiscutivelmente de mais, não é por que seja de caráter ambicioso, na verdade, não sou
Até que me acostumo com pouco
Mas a minha postura de anti-retrocesso me faz ser também irrevogavelmente insaciada pelas coisas que não sou capaz de reproduzir sozinha
E isso sempre me tras insatisfação..

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bem,


Ele dizia coisas óbvias
Ele ria tão seriamente
Tão estupidamente
E tudo ficava bem
Tudo bem

Eu andava descontrolada pelos trêns e estações
Nada fazia sentido e ele dizia:
"Isso não é nada demais"
Eu estava usando roupas com bolinhas
E ele mostrou se importar como ninguém mais
E eu o seguia.

Eu me deixei tentar e me explicar de novo
Mesmo que não fosse ser ouvida, de novo
Entendi que mesmo que ele não falasse
Ele ouvia
Mas mesmo quando eu olho pra ele,
Eu o vejo de forma tão bonita
E e apenas isso que sinto por você
E mesmo que isso seja assustador
E isso que eu penso sobre voce

Ele dizia, quente
Eu dizia, você.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Skap


Essa música me devota alegria pela genialidade, mas tb tristeza pela inveja de não ter pensado nisso antes.. mas me conformo por saber que jamais faria.

' Quando você pinta tinta, dessa tela cinza
Quando você passa doce, dessa fruta passa
Quando você entra mãe-benta, amor aos pedaços
Quando você chega nega fulô
Boneca de piche
Flor de azeviche

Você me faz parecer menos só
Menos sozinho
Você me faz parecer menos pó
Menos pozinho

Quando você fala bala, no meu velho oeste
Quando você dança lança flecha, estilingue
Quando você olha molha meu olho que não crê
Quando você pousa mariposa morna, lisa
O sangue encharca a camisa


Quando você diz, o que ninguém diz
Quando você quer, o que ninguém quis
Quando você ousa lousa pra que eu possa ser giz
Quando você arde, alardeia sua teia cheia de ardis
Quando você faz a minha carne triste, quase feliz. '

http://www.youtube.com/watch?v=YOM6EILyqRw&feature=player_embedded

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


Oh, já que vai tão clandestino
Tão vestido de menino
Tão só
Já que quase não aguenta
Grávida de tormenta
Evolução do que era pó
Oh! deliro delirante
Que se fez tão importante
Tão difícil de conter
Já que sabes meu caminho
Que experimentou meu desalinho
Vá embora depressa
Vá sem antes viver

Sem amarras que nunca te possui
Sem passado
Resgatando quem estava alí
Vá antes que o ar te afogue
Ou antes que não volte
Pra mim

Pequenas anotações


A mente traiçoeira que tanto engana
Acaba por marginalizar minhas emoções

Tantos Tão


Se eu fosse contar as estrelas da sua boca
Deveria beber essa noite
Te beber essa noite
Vez por vez
Pulando etapas de verão
Mergulhado no ninho
Antes que o Outono morra

Tantos corpos
Todos presentes
Tão voluptos
Tão envolventes

Tanto silêncio
Tão doente
Tanto tesão
Confundindo sua mente

Assim a brisa leva o claro
Não posso negar
Assim o Sol leva o calor
Não posso deixar

Pequenas notas


Eu esfarelo como o deserto
Em um mar de caos
Um tufão de maus
É melhor sofrer no canto
Do que sofrer no choro

Calendário


Quem me tornei?
Meu próprio retrocesso?
Aquela repetição enfadonha
Que me posto a colocar
O mês
Agarrado ao calendário
Sem me livrar
Sou o oposto de mim
Que insisto em escutar

Rabisco curto


Eu queria não ter que escrever no punho
O quê rabisca no coração

Partes

É que se amar pela metade
Se sofre menos
Se gritar pelos cotovelos
Se rala menos
Cansei de ser menos que sou
De ser sua metade
Cansei de me fumar
Pelo menos em partes

Para - Ráio

Sou seu para-ráio?
Queimado em brasa viva
Ruminando a sede
O torpor
De uma nota desafinada
Filtrando seu pior
Sua bedida de veneno
Sou se band-aid?
Que só te cura
De feridas dadas a mim
Sou seu irmão gêmeo-feio?
Uma sequela mal vivida
O intestino que sai no lugar do bêbe?
Um dia, que essa brisa grossa voar
Que os barcos guardados
Se acharem no caís
Será atrasado
Será como sempre
Será tarde demais.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vento Rotineiro



E que se move tão devagar aceleradamente
Que assopra e cura
Aborve e espanta
Me encanta
Arrepia e me transa
Na trama desigual de dedos
Semi-traçados em veias
Que expandem espaços
Surreais
Dentro da minha cabeça
Num espasmo tão violentamente necessário
Esparece todas as lembranças
Antes que se toque a horizontal
Dorme aquecido entre meus piores lados
E sonha com todas as ilusões
Nessa fúria,
Comida da ambição carnal
Se expulsa do mundo
E vive só hoje
Só meu..


Absorva


' Vai, me absorve que hoje eu quero ser só seu
Me dissolve e mexe com a colher
O seu prato predileto e quando eu digo não
Não quero mais ser só
Não quero mais ser seu só
Não quero mais
Me absorva mais
Seu sorriso é um paraíso
E no ar voou em transe ao sol
Para me livrar de tanto mar
Resolvi espairecer, aparecer sem avisar
Pra não ser sempre na mesma rotina de ilusões ' ..

http://www.youtube.com/watch?v=3g4rGx65biY

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

.?


..E se fez mergulhado em palavras
Como se o caos interior se projetasse em sua cabeça
Ele, sereno, acenava de leve ao que eu dizia
Que se fez de maior medo
A pele, mal havia secado
Cobertas de feridas recentes
Que talvez
Pelo hábito
Nunca se cicatrizariam
Ele beijou as feridas
E acariciou aonde doia
Pois
Ainda latejava
E a cada aceno
A cada confidencia
Se aproximava mais
E agora?
Pra onde vou?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Saudosismo Masoquista


Eu teria te aceitado
Com todas as suas caras
Que acabam se resumindo a uma só
Duas
Não mais que três
Mas agora,
Até me falta sono
Estômago
E palavra..

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O quê, Logo


O quê Excedi
Sobra
Demasia,
Logo..
vira
Excessivamente
Demasiadamente
Em resto
Insasfatóriamente..

domingo, 19 de setembro de 2010

Cínica Inspiração



Essa sua antiga devoção
Estampada em concreto
Vomitei tuas verdades em meus passos
Só Ele sabe o que fiz por prometer
Você quebrou todas as correntes
Simulou o que não sabia
A ira
Engolida a porra
Uma tragada de ar da sua cínica inspiração
E você ainda tem sorte
De se transformar no cordeiro
Que você não conhece
Mas finge fazer parte
Distorcidamente
Uma escolha feita por você
Não reclame
Nem ouvi
As borboletas se espalharam levando seus olhos
Se contorcendo em masturbação coletiva
Cresce sua vontade de fuder
Fuder minha mente
Gente, gente
Ele vai ver agora
sim..sim..sim.

Potréfico


Último gole amargo que saiu do seu corpo
Que me rasgou a roupa
Intrépida de vontade
Se convergiu a saudade misturada em prazer
Como se me explodisse o ar
Em combustão instantânea mental
O tempo parecia
Menos caótico e desmembrado
Em relances da sede seca
Tocando meu colo
E me colocando repentinamente a ninar
A maldade que te tocava a língua
E acabava por me contaminar
Se fez necessário quando se passa as saídas
E todas as nossas entradas
Não havia mais um abismo que não tivesse sido explorado
E em meio a esse turbilhão de certeza
De que tudo era preciso
E em teu corpo
Tudo fica de fato aonde deve ficar
Não te compreendia
Tampouco mais queria
Se fez pó inspirado a gula
Que depois que passa
Apodrece
Em ventre oco
E vazio
Com solidão

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Divagar


Parei de olhar no relógio e fingir controlar o ritmo das coisas
Não se pode controlar nada
Em uma selva de desordenados descontrolados
Tento invariavelmente em vão
Controlar a mim mesma
Tudo acaba se convergindo num fluxo de idéias, pessoas, sensações e o conjunto destes em um mal irreparável aa minha racionalidadde contida pela insegurança de ponderar ser maior do que posso e não suportar uma nova vez todos aqueles acontecimentos de caos mental.
Devo, mais do que quero, recobrar todos os meus sentidos isoladamente e não ter bússula por quê de fato não sei que direção tomo,
Mas uma dor inconsciente, com nome, pele e personalidade ficam, vez ou outra.. me tentando.
Eu, tenciono demais.

Caetano


"Não é uma questão simples pra mim
Não é que não haja um conflito profundo, há.
Conheço pessoas que não tem religião, não ligam e são felizes.
É assim que eu acho que devia ser
Acho que a pessoa não devia ter religião
É que nem aquela música do John Lennon, “Imagine” que fala “Imagine no religion”.
Eu acho ótimo isso.
Eu tenho uma tendencia antirreligiosa
Tenho uma necessidade, às vezes, de me contrapor á religião.
É muita sacanagem, não é?
Todo aquele negócio que falei de obscurantismo
Pra você oprimir as pessoas, entendeu?
E manter certas estruturas de hierarquia e de poder.
Essa sacanagem que se vive aí, esse desrespeito, essa porcaria, entendeu?
Nesse ponto eu me sinto assim, no fundo um revolucionário.
Tenho vontade de mudar o mundo e acabar com essa merda."

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Olhos


Seus olhos parados
Olhos mortos de fome
Olham-me aterrorizados
Compartilham preocupações
De todas as suas lutas pessoais
Não se perca de você
Não se perca no caminho
Não morra
Não vá por aí
Se não quer chegar a canto algum

Procurando o quê pertence
Esgueirando embaixo de portas abertas
Os tics dos relógios quebrados
Adornando um dorso amargo
Respire o ar gélido
Respire o ar
Não morra
Antes de se descobrir
Não morra
Antes de precisar voltar..

Minha mente


Se espremer as lagrimas
Secas antes de chegar no fim
Minha mente
A minha mente
Se esvaidecer de mim
Em um túnel ate o fim
Se acolhe em sufocamento
Você disse para ter paciência
Eu disse que ia ficar tudo bem
Você disse que somos além
Se formos gentis
Esse momento que ficarmos sozinhos
Veremos coisas diferentes
E tudo ficara bem

Venha e deite na rede e veja o fim
Pegue a passagem e suma de vista
A minha mente
Minha amada mente
Tem me feito de boba

Eu disse que somos melhores se ficarmos bem
Você disse para ser paciente
Todo esse amor desperdiçado
Quem diabo nos somos?
Quebrando pontes
Nesse fim de mentiras

Amamos e ficaremos bem
Se formos para longe
Longe das nossas mentes..

Antigo Amargo


Uma massa branca pousada sobre cabeças malditas
Falávamos vez ou outra línguas diferentes
Estávamos em universos iguais
Mas estranhamente, às vezes
Nossas línguas se tocavam
Se queriam e desejavam
Mais ainda a ávida vontade
Que acaba por contaminá-lo
Essa explicação
Do desejo não compreensivo
Retorcendo as cores do meu estômago
Você me divaga suas atenções
Com substantivos inventados
O quê você vê?
Quando te dou adeus
Esse frio branco que saia dos seus poros,
Naquele verão de carnaval
Vez ou outra me fazia arrepiar também
Ou outra amargar também..

Tormenta


Ohh

' A inspiração concedida
Se elimina com a noite
Sem previsão de Sol pena manhã
Subjetivamente
Caminha o traço a maço
Colidindo com a virtude de todas as coisas
O fim me parece belo olhando de longe
Aqui dentro desse turbilhão de névoa
Te vejo assim
Sentado a uma calçada morna
Aos berros
Cansado de tentar
Cansado de desistir
Mais ainda de não encontrar
Ruelas vazias como a mente empueirada de mensagens contraditórias
Que não decifram nem a mim,
Nem a tí
E ficamos cada um a seu lado
A sua tormenta
sem fim..'

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Indecifrável, comme je l'ai


ce que je ressens et si grand
et ainsi de trop plus grand que moi
que la nostalgie qui m'amène tristesse
et que toute palpitations je savoure le moment
Je suis désolé que je ne me sens plus
pour se sentir vivant
de ces moments où
aucune mention
même mon mêmes
Je m'effraie fuir
veulent et qui veulent à la fois
comme si j'étais indispensable
inexplicable
Mes promesses jamais avant de subir
m'attaquer avec joie
mais le retard agace ma détresse
Je veux tellement maintenant
et pour les deux toujours
gagerais que, contrairement à moi
et ma perte est votre gain éternelle
me embaumer
et ne sera plus nécessaire de retourner
Je m'ennuie de même dans la langue portugaise peut transmettre
ou ce que je viens de le dire
et il me fait peur un peu de
ils ne savent même pas si je veux que tu tellement plus

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Não vou!


" Quem quer não fui
Quem fez sofrer
Mas quer saber
Não vou mais ter medo
De quem me fez amar
Sem mais lembrar
Pra que lembrar?
Não vou mais ter medo de você "

Por www.myspace.com/joanadebarro

Adoro essa música e esses meninos =]

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Para PVDQ?


Termómetro explodido alojado no estomago do menino de rua
quente como o inferno
repiques de anuncios do melhor eixo
corre que ele te liga
e diz que vai mudar sua vida
(vai nada!)
diafragma de Boom de uma chamada sociedade
nada sociavel
avalanche de informacoes jogados das janelas da rio branco
corrida de abutres atras de lixo!
rompe tao quente e catastrofico quanto uma bala
que se abriga parasitamente na procisão
Deixa que ele não sabe oq faz!
cachaça rodopiou e o escolhido foi voce!
Tem elefante! tem mulher barbada, tem palhaço sem calça
nesse circo de população!
Vai cair dentro?
ou nao?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010


Ela precsava que lhe dessem a mão
para que não sentisse o oco do infinito
era guiada a todas as direçoes
pois se não se sabe onde vai
o caminho não importa muito
p
l
a
g
i
o
talvez, tenhamos tido as mesmas certezas
cada uma em sua epoca..

Muda


Queria que a saudade não falasse tanto
que não fosse tão muda
E quando se mais precisa de palavras
elas dissipam fumaça
porta afora
Mas eu preciso ficar
mesmo se você decidir ir..

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

05/01/05 Mediano

O que nos faz pensar que vivemos para nós mesmos
Estavamos alí
Vagando pelas ruas sem nome
Acreditamos em nossas mentiras
Mas quem poderiam desmenti-las?
Se estou morta a dias, não se poderia me enxergar
Quem o convenceu que dependemos de suas palavas?
Vivemos a tempos como se ela não estivesse lá
Todos parados, como seu coração
Aprendemos a ser ignorados
Nunca sabiamos quem iria nos segurar se caissimos
Acaso estou sendo dramática?
Talvez seja melhor mesmo você não vê
Não vê que estou lá somente com o corpo
Detesto pensar que sou um número
Detesto pensar que sou uma incognita
Detestamos, somos cúmplices silenciosos
O qu eu não daria para um pouco de ar
Não tendo nada a dar
Estou sendo egoísta?
Desculpe, apenas me acostumei com sua ausência
Aonde está aquela perfeição de quando não entendia o mundo
No que nos transformamos?
Acabamos por ser um romance barato e cafona .. euq ue já vi tantos deles
São só meus medos de crianças
Querer tanto..

01/01/05 O começo

Não quero ouvir música
Nem quero ler
Tampouco escrever
Quero contar por quanto tempo fico assim
Gravando emminha memórias as rasuras do teto
Não quero me apaixonar
Tampouco me levantar
Também não quero parar de sonhar
Quero esse dia como qualquer outro já vivido
Não quero ter que lamentar pelos erros cometidos
Não quero ter que me justificar pelos erros
Repetitivos
Só quero ficar aqui,
Fingindo que nada é comigo
Não quero me lembrar que o dia começa daqui pra frente
Hoje vou levar meu corpo pra descançar
De tudo isso que me deixa doente.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Fotografia Dramática


"E o beijo cortante daquela menina
Tranformou-me numa fotografia dramática

És uma flor,
Eu sei
És uma flor dolorida

E quem não tem motivos pra sorrir
E quem não tem motivos pra chorar
E quem não tem motivos para ser assim, assim."


Não é meu e nem pra mim, mas achei muito digno =]

*Bettie Page

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Três

Tua voz fala
mas você não precisa dizer
Descalça os sapatos e até digo que gosta
De pisar nos cacos
De
Va
Gar

Essa ampulheta virada que corresponde sua vida
Desce, fina e bem demorada
Para que se saboreie cada instante
E não se faça despedida

Mas de tanto calejo agora
Já sabe achar o Sol
No meio do breu

Embora não se ouça
O quê às vezes se quer
Me parece tão certo
Quanto sinto teu olhar
Atravessando o aposento
Em minha direção à
Con
Cor
Dar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Transeunte

Lascas do Inimigo Interior
Soltam Calado o Trago
Alter Ego Falado
Caminho Rasgado
Do Ser Encantado
Que Te Supri
Corrompe, Condena
Beija, Bate, Assopra, Pensa
De um louco desejo ardente
Do presságio passageiro
Vindo de lá
De onde não compreendo.
E Suplico e vos pergunto:
Será que estamos bem?
Nem sempre o Transeunte carrega
Flores do próprio velório.

E... para.
A morte te compõe
O início da virada da tua bolha explodida de vida
Revirando tua nascente morna
Cuspindo a óleo sémem
Envolto na coreografia humana
Pesada
Tua vida foi isso
Uma alta repetição
Do que seus pais diziam retrô.


Coisas que você esperava dos filmes dos anos noventa.

Eu estou a cem anos por hora
E uma moça, num bar
Que me pede um cigarro
E eu lhe dou dois cigarros
A porra do garçom
Nunca traz minha dose de uísque.


Por Gustavo, Rafael e eu.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O quê

Mas penso que mesmo assim fico bem
Pelo sim ou pelo não
Tem que se ficar bem
Mesmo que não se sinta
Ou até mesmo não se transpareça
Tem que se aquecer o frio que se dá
E torcer para o Sol
Uma manhã apenas
Não se pode abaixar
Não importa muito o quê aconteça
Não se desespera
Nem se externa
O que quer que lhe façam
Que se faça
e Vá!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

eu, sertão


Aonde não se tinha previsão de terra-seca
Um fiapo de Sol se fez plantado e regado a vento
E onde todas as amarguras teve morada
Onde erva daninhoa batia
E não ficava
Toda a noite ponderava a varrer suas horas
Mas o dia se esticava num manto grosso
Que nunca alcançava a seca
E o nome que se dá ao tormento
De quem passa
Aquela gota de chuva tão pedida
Se for tão pouco
Nunca conseguirá lavrar
Tempos de Tempos
De Sol aflito
E de temor casto
O céu foi testemunha como era ser deserto
Em meio a escuridão molhada
E entender que não é a vida que te castiga
E sim a caminhada.

Due Eto

'Segundos. Não hora. Não é gradação,juro. São só sabores Feito os de amora'


Por Rafael Pereira'

(...) onde cada segundo faz-se etéreo.
implícito, no descaminhar das horas.

Deleitava-se
Como mergulhar-se em um tonel de estrelas.

Medindo

Juntando

Amargando '

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

?

Que bicho te mordeu, moço?
Com tua alma machucada
Teu pelejo pendente
Tua aurea
Tão abstrata
Picotada em tua barba
Quem te cortou?
Teus olhos fundos vermelhos
Chorando fumaça verde
E talvez
Talvez você entenda
Está longe demais
Três passos a tua direita saudável
Perdida no meio da reta
Quem te perturbou?
Sentado assim, polido
Cruzado
Triste, Triste destino
Algo que quer provar?
Mas não vale a pena?
Eu queria te levar
Mas agora eu vejo
Redomas não quebram
Areias não se juntam
Por sí
Te maldizeram muito?
E valeu a pena?
Valeu?

Illinois

Ele me pegou num bar sujo em Illinois,
Ele falava de revolução e desordem
Agarrados a mesa de um bar
Um homem pediu dinheiro
Ele nunca dá
Talvez ele também não acredita em gorjetas
Mudamos de assunto tantas vezes
Nem sei agora sobre o quê falavamos
Ele me parecia certo
Mas meu corpo só queria fugir dalí
Era quente demais
Suas tatuagens de prisão
Talvez ele tenha passado um tempo por lá
Ele era filho dos anos sessenta
Eu, a ressaca dos anos setenta
Meu Deus! faça ele parar
Masturbação coletiva
Filho de Trevas sedutores
Adentre mais!
O quê?
Agora?
Ele me arremessou a um motel com baratas vivas
As cores verdes ressaltaram sua sombra laranja
Eu ponderei, mas me mantive
Ele estava a todo lugar
Dentro, dentro demais
Forte, forte demais
A cerveja quente
Cigarro amargo e erva forte
Teu punho atravessado a minha nuca
Eu ouvi um grito - o meu?
Eu tentei respirar
Meu perfume em sua pele
Estica meu cérebro
A sensação é boa
Você está no clímax?
Ahhgora não..

Soltas

Eu não só acredito em juras de amor
Pois eu mesma já jurei
E menti demais.
Mas já amei
Mas não devo amar mais.

Não ser

Essa não é mais uma poesia
Não é apenas poesia de bar
Não é nada demais
É algo que você já deve ter sentido
Ou visto
Eu já vi,
Já te vi
Se eu encarnasse em outra coisa
Mais colorida
Mais viva
Minha cor combinaria mais com você
E você saberia
Toda a minha vida
Todas as minhas certezas
Arduamente conseguidas
Se desmancharam
Eu me desmanchei
Dentro de você
Você nasceu a tanto tempo
Com sua voz de pôr-do-sol
Mas pra mim sua existência tem menos que alguns dias
E como pode ser ?
Se não ser..

domingo, 8 de agosto de 2010

Por Getúlio Ribeiro

Vermillus=Vermelho.

Ipsis litteris é uma expressão que vêm do Latim que significa "pelas mesmas letras", "literalmente".
É utilizado para indicar que um texto foi transcrito fielmente ao original. Pode-se também utilizar uma expressão de mesmo significado, ipsis verbis, que quer dizer "pelas mesmas palavras", "textualmente".
Em tese é cópia literal de um texto.

Esse texto = Hanny Saraiva me ensinando um pouco de latim.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

http://projetoescuridao.blogspot.com

Impaciente, se concentrou no ponto máximo do seu corpo.
O calor, escorria pelos seus poros no quarto sem ventilação
Se agarrava ao beiral como se dele dependesse a eternidade
E se sentiu assim, um pouco mais animal que habitual
Aos poucos, junto com sua respiração fez-se necessário os sentidos
Ouvia o rapaz ofegante recobrar o fôlego,
Sentia sua pele latejando
O gosto salgado do seu corpo temperando a língua
O cheiro ocre de carne humana..
Mas o que não voltou rapidamente foi sua visão
Misturada a vertigem e a cor de nada preto sombreado
Como se a caixa de Pandora fosse finalmente aberta
Se sentiu deslocar em vitrais de futuro tão passado
E não pode afirmar se alguma vez viu cores e cor de Sol
Ou sequer uma estrela
Tudo era tão naturalmente cor de escuridão
Que pestanejou agitada a mente obscura se alguma vez de fato
Viu luz
O declínio fatídico de todas as coisas
Junto com ela lhe foram tomadas
O rapaz sexuadamente satisfeito a seu lado sumira
O gosto de sexo levado com ele
O cheiro animal suado foi junto a brisa que não passou
Seu corpo tão bem conhecido e projetado se embalou em dormência
Sem sentido algum
Acompanhando a ausência de cores primárias
Sentiu-se em pé
A varanda da janela
Nada via, mas não se desesperou
No fundo dos seus sonhos sempre soube
Que a luz lhe trairia levando seus sentidos consigo
E que a escuridão por fim lhe engoliria.

Boca de algodão

Ela tão pequena,
Tantas palavras
Tantos livros
Vidros enclinados na sua borda
No seu Nariz
Sua origem de histórias perdidas
Sua infância toda que eu sonhei estar
E estive
tive

Já não se pode confiar
Tua boca de algodão macio
Que despeja chumbo
E mesmo assim
Eu te levo a todo lugar
Mesmo que você não vá.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Por André Gonçalves

"Preciso respirar a madrugada à céu aberto,
Correr perigo, falar alto, vagar o olhar pela multidão e fumar
E depois, bem depois de cansar..

Procurar abrigo à te mirar
E torcer pra poder,
Delirar minhas mãos na tua silhueta,
Por os lábios, bem servindo, seus desejos
E nada de manhã…

Deixar o domingo ficar tarde
E a sombra ir embora
Cair em seu colo feito ninho, feito precipício
E deixar você de pouquinho em pouquinho
Me devorar…"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Groselia Instantânea

Você apareceu do nada
Carregada de políticas controversas e novidades
Cheia de sotaques e manias
No instante que tudo era velho
Você me trouxe o novo
Com o tempo, a vida e a dor
Aproximou as barreiras
As tendências,
Seu coque que eu adorava
Banhados em suco de groselia instantâneo
Uma saudade do quintal no verão castigado
Você se perdeu minha linda
Você ficou preta demais
Queimada demais
E feia demais
Eu sinto falta de quem não existe mais dentro de você
Sem sufoco de garras e personalidades má
Mas
Isso passa
Issso também passa
Você cavou demais na inconsequência
Foi demais sua existência
E para mim
Aquele ser bonito
Que queria piercings e não covinhas
Me afastou
Se afastou
De um tanto mudou
E eu não te quero mais
Vá junto com os outros
Que não te quero bem
Nem mal
Nem demais

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Tempero

Eu me via cantorolando pela sua casa
Colocando seu tempero favorito na sua vida
Dormindo enrolada em verde e branco
Cansada de seus sapatos
E dançando com sua infancia
Coisas que nunca imaginei
Me conformei com seu cheiro de estrelas
As asas batendo acima de nós
Fazendo um sonho de mim
Não diga adeus ao meu desejo
O céu que esta acima do meu mundo
Levará sua tristeza embora

Perto demais do seu coração
Na velocidade do seu vento
Apenas o Sol pode nos retirar do nosso arco-íris
E ele sorri para nós
E quando as sextas de nuvens negras nos tocarem
Eu velarei suas orações
E uma nostalgia te fará desistir
Mesmo que não entenda
Levará sua tristeza embora

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Oui

A nostalgia tão clara quanto a filosofia estagna meu ser humano e as capacidades inoquas e sentimentais no livre acesso a cultura de massa e a revolução depressiativa da sanidade que se faz entender, machucam o intelecto mundial.
O ócio a tempos aclamado e atualmente irritável me coloca diretamente a uma posição de histeria, me sinto diretamente histérica com algumas palavras e com a suposta necessidade de ouvi-las em dialeto francês por quê me acomete que este não é tão usado assim pela patetice social, uma necessidade um tanto quando absoleta e jocosa de ouvir e ver o que não se diz nem se vê, o fato é o tédio e a cor abstrata que me repudia, e como faço parte do sistema solar, me entedio comigo mesma, apenas por permanecer no mesmo sistema solar.

domingo, 4 de julho de 2010

Carona

Carona



Apressou o passo enquanto a chuva apressava suas gotas
Fechou melhor o casaco e se abraçou
Aquela rua nunca pareceu tão comprida
Aquela noite nunca pareceu tão vazia

- A senhora deseja que eu lhe acompanhe? - Uma voz grave de um homem do outro lado da rua lhe atingiu, não sentiu medo, na verdade, alívio, pareceu ruim e errado estar naquela rua à noite e só, ele era só um casaco longo com um guarda-chuva na luz de meio-fio.

- Sim, gostaria, esta chuva está me matando.

Caminharam em silêncio por alguns passos, ele tinha cheiro de livro novo, suas mãos eram firmes e seguras e não soube dizer por quê teve vontade de ir mais devagar.


-Não acha perigoso ser acompanhada por estranhos? Já está tarde afinal e essa sempre foi uma cidade perigosa.

- Acho mais perigoso os conhecidos, não creio que o senhor possa me fazer mal.

- Não crê? A senhora não me conhece.

- Não sei te explicar de outra forma, mas é como se ao descer essa rua nada mais pudesse me fazer mal, acho que já não me importo mais com nada,

- Exceto com a chuva?

- Exceto com a chuva. – Sorriu, era estranho se sentir familiarizada daquela forma, como se tudo fosse normal e corriqueiro, e como, sem a chuva lhe atrapalhando só queria andar um pouco mais.

- A senhora sabe aonde está indo?

A pergunta lhe tirou da nostalgia e lhe embaraçou um pouco, na verdade, olhando bem, não conhecia aquele caminho, e nem para onde estava indo, abriu os olhos num sobressalto, como se acordasse de um sonho que caísse, mas permanecia caindo.

- Aonde está todo mundo? Aonde está o caminho para casa?
- Então a senhora não sabe?
-O quê eu deveria saber? - Sua voz saiu num sobressalto, o medo de saber venceria a vontade de perguntar.

- Não são as pessoas que sumiram, e sim a senhora que optou pelo sumiço delas, você acaso não sabia que está morta?
- Morta? Eu? Mas isso é ridículo!
- Se não está, prove, olhe para trás.

Temerosa e um tanto quanto resoluta, mas convicta que se a morte tivesse lhe achado ela teria em algum momento notado, parou seu caminhar tropego e olhou as suas costas.
Dizem que os olhos são os últimos órgãos a responder ao corpo, mas ela se olhou a passos atrás em uma rua escura, aceitando a morte de olhos abertos,pode-se lutar com a vida, mas com a morte, é melhor aceitar sua carona.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Só sabe sorrir =D

O que te cabe meu bem,
É um sorriso amarelo
Como aquele que em fotos você oferece
O que te cabe meu bem
É o inferno
Daquele cheio de você, que ele te carregue
Te cabe o mal de maldizer
Mas só você maldiz o quê não tem
Te cabe eu vejo em minha bola de cristal
A dor que você espalha por aí
Não me incomodo
Vale meu bem,
Pois não tarda, não demora
O meu sorriso também
Quem te conhece muito
Há muito tem de te odiar
Mas odio em meu peito bobo
Nunca à de há
Pra quê?
Viver afogada a mentira assim?
Não ter
Solução e não saber assim
O quê acredito e digo
E vem me avisar
Que oque tu fez, e refez não padece
Há de voltar

=D

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Anotações p não fugir da cabeça

Não posso desmanchar agora depois de todo esse tempo por esse ou aquele motivo.

Eu devo, eu me devo

Te anotar, te bem dizer, te perdoar

Mas também

Te deixar, te afastar, te acusar

Mas não consigo..hj não consigo.

Verde Molhado

Uma quadro uniforme artificialmente captando variações de verde, se estufa na parede a minha Direita
É a primeira e única coisa que vejo
E provavelmente a única que lembro de vez
Talvez
Por que tenha sido a que mais me impressionou
A forma como a voz alheia fazia esse quadro se projetar
De ponta cabeça
Se tornando mais obliquo e molhado
Mais sem sentido do que abstrato
Mais irreal do que falado
Parecia a jato, se deslocando ferozmente
Enquanto a outra pessoa a linha do lado de lá
Fazia a narrativa colossal
E não pude deixar de te imaginar torpe, falso e real
Na verdade, agora sim
Você me parece real
Era injusto demais para ser de verdade
E de repente
Nesse entender de um instante
O quadro para de girar
A cor volta a ser a mesma antes do instante inusitado
E você?
Meu querido você, passa a ser apenas uma cor escolhida pelo próprio
Como artificialmente musgo
E isso me traz gratidão
Por que realmente e necessariamente agora
TUDO isso é a ti.

Travestidos

Eu tenho tantas metades espalhadas
Que ficava difícil saber aonde eu estou
Em que metade dessas eu fiquei
A que me recordo é na crença de tudo
Qualquer palavra junta
Em qualquer contexto
De qualquer boca
Me apetece
E acho que essa é mais uma daquelas coisas burras
Que a gente faz a vida toda
A todo instante
Acreditar
No mais cordeiro ao mais lobo
Que acabam o fim sendo todos travestidos
Da minha culpa de projetar humanidade nas pessoas
As pessoas são minhoquinhas enfiadas em um anzol jogados a mar intenso que não entendem
Elas não realmente sabem
Ate a minha dor e um reflexo do meu inconsciente de que eu devia saber
Mas eu não devo realmente saber sentir
Nem sei saber.

Cubo

Ela se sentou no banco de uma praça mal localizada no extremo dos dois caminhos, do seu e do homem ao seu lado.
A rua pouco iluminada com passageiros de aspecto estranho e disforme passam por eles.
Ele está sério, e parecia confuso, por várias vezes limpou seu óculos que nem sequer estava sujo e analisava o presente que ela acabava de dar, um globo em forma de dado de trinta centímetros de largura e comprimento que ele paquerava desde o início do namoro deles e ela finalmente resolveu compra-lo.
Agora, parecia estúpido e desnecessário o presente surpresa, pois quem estava surpresa era ela, alguma coisa nele indicava um sinal de que alguma coisa havia saído de forma.

Carla, você sabe que eu te amo e que você é muito importante na minha vida, eu quero que você saiba que você não tem culpa de nada, só que eu não posso continuar com isso.
Do que você está falando? Não gostou do presente?
Eu amei querida, eu queria muito esse dado, mas estou falando de nós.
Nós? Nós estamos bem, quero dizer, você anda trabalhando muito, mas isso é bom, não?
Eu não ando trabalhando muito Carla, eu estou voltando com minha ex mulher, você se lembra daquele casamento que eu fotografei? Eu a encontrei, nós conversamos e estamos nos acertando.

Eu só quero que você entenda, não é você, sou eu..

Carla estava aturdida demais para qualquer emoção, aquilo realmente não devia estar acontecendo, seus olhos ficaram estranhamente secos, como sua garganta e ela não conseguiu esboçar nenhum som, a figura de Caio agora era apenas um borrão distante e sua palavras não fizeram efeito nenhum dentro da sua mente. Pareceu apenas um sonho apático ruim que ela não conseguia acordar.

Você está me entendendo, Carla? Eu espero que me desculpe por tudo isso, pode levar o dado se você quiser, eu vou entender.
Claro que não Caio, é um presente, eu só preciso de um minuto, tá legal? Pra eu poder assimilar tudo, eu vou pra casa.
Deixa que eu te levo.
Não! Eu quero ir só.


Carla seguiu a rua escura sem som dentro da cabeça, parecia um quadro distante, depois de todos aqueles meses o fim dos dois seria assim? Um término frio em uma rua estranha as palavras ouvidas “Não é você, sou eu” que ela nunca pensou que realmente ouviria soavam na sua cabeça como uma piada.
Passos a frente sentiu alguém olhando, era um homem de boné vermelho que caminhava na outra calçada que vez e outra a olhava, devia estar se perguntando por quê aquela mulher se esgueirava rua adentro aquela hora da noite, sozinha com a expressão de que foi atropelada por um ônibus e não se deu conta, o homem de boné vermelho atravessou a rua em sua direção, mas Carla só conseguia pensar em como fará para pegar suas coisas na casa dele e a quanto tempo está sendo feita de completa idiota comprando presentes para o homem que a estava traindo sem que isso lhe passasse pela cabeça, e ela toda preocupada por todo esse tempo com ele.

Moça, discretamente, não faça nenhum movimento e passa seu celular.
O quê?

O homem de boné vermelho se agarrou a seu braço e pressionou algo metálico em sua pele, seus dedos duros fizeram pressão e ela não conseguia prestar atenção nele.
Moça, eu não estou brincando, isso é um assalto, passa logo a porra do celular antes que eu te enfie uma bala.
-Celular? Que celular? Eu não estou com celular, nem dinheiro, nem namorado, nada, deu pra você ver não?
Não me obrigue a atirar moça - Ele mostrou o objeto prateado escondido até então por dentro do casaco e a chaqualhou rudemente enquanto caminhava mais devagar. Para ela, nada daquela cena fazia o menos sentido, nem Caio, nem o moço de boné vermelho, nem a arma apontada para suas costelas.
Carla achou estranho sua própria ausência de emoção e parou de caminhar mesmo o contrariando seu suposto assaltante e o olhou bem de perto, ele parecia um cão com olhos de raiva, confusão e impaciência e a única coisa que Carla fez foi sorrir.

Sabe de uma coisa? Eu estou dizendo a verdade, eu adoraria ajudar, mas você me pegou desprevenida, não tenho nada comigo, pode até me revistar, mas sabe, acabo de deixar um homem na praça, não deve estar muito longe daqui, se o senhor se apressar o senhor ainda alcança, ele sim, tem dinheiro,celular, uma câmera fotográfica que vale pelo menos mil reais ao você.
Ah! E com vários homens indo e vindo por aqui seria muito fácil encontrá-lo, francamente!pensa que eu sou algum otário?
É fácil, ele está carregando um dado enorme, você não tem nada a perder.

O assaltante de boné vermelho a encarou desconfiado e resoluto. Ele realmente não tinha nada a perder, pressionou a arma mais uma vez só que dessa vez com mais forma forte machucando sua pele e a encurralou na parede. Ela por sua vez não demonstrava nenhum medo ou desespero, apenas certeza e frieza a ela.

Eu espero que você não esteja brincando moça, matar você seria fácil.
Se você não demorar ainda estarei descendo a rua, vai me agradecer, acredite, é só procurar um homem com um dado enorme.
Você é louca!

Sem tempo a perder o assaltante segue o outro caminho em direção a sua próxima vítima, ainda olhando de soslaio a moça estranha que caminha como se nada tivesse lhe acontecido, como se fosse comum assaltou, plantas de vítimas a ladrões e armas apontadas para ela.
Carla, por sua vez volta a caminhar descendo a rua em direção a sua casa. Com todos os acontecimentos irreais daquela noite a única coisa que realmente esperava era que um sorriso lhe atravessasse descaradamente o rosto, mas mesmo assim, sorriu.

domingo, 30 de maio de 2010

Cores

A linha se esvaideceu em minha mente
O horizonte me deixou
Me deitou em cacos de vidro verde
E me lembrou de como você era

Tão perto do mar
Estendido sobre uma pedra de areia
A lua testemunhou
Um carro vermelho voando pelo céu
Tudo em rotação lenta
Um telhado no calor corpóreo,
Agora há cores em mim
Se misturando com as cores que sempre tiveram em tí

Uma gota se desprende de mim
Coisas que nunca pensei sentir
E quanto mais penso,
Mais triste fica
Como se fosse hoje
O dia que eu fosse te cruzar
Não podia imaginar
A minha alegria
De poder ser livre à você
De ter minhas raízes em você

Não me desencorage agora
Que descrevi meus planos
E se o céu não estiver colorido de púrpura
Eu trouxe todas as suas tintas
Favoritas

Um vento azul me correu o corpo
Furioso pela minha tormenta
Brincando com meus botões
Me acariciando de você
Me acariciando de você
Me acariciando de você
Me acariciando de você

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Eu de todos os relances

Sociofobia.móveu velho.indie.desinibido.cacto travesti.esculhambação.tulipa.error.folk.macintosh.moralismo.sex apeal.senso de tempo e espaço.blush.bieboy.bagunça.scarpin perto de bolinha branca.sinal no seio direito.converse molhado.café crème.dj's.almodovan.malbouffe.préliminaire.amazonas.piercing na língua.coque.jazz.maconha de santa.cifrão.decote.fogo paulista com vinho quinado.alternativo.nu na gloria.arranhão no quadril.cogumelo.surrealismo.vomito de são jorge.documentário.bipolaridade.promiscuidade.mapa mundi.mordida.etiqueta suiça.florabygucci.blognu.Tragödie.deliniador preto.dança do ventre.fé.coruja.all star trocado.goma de mascar.bola de guem grande.vinil do Jimy Hendrix.filipeta.livro erótico.película.café com muito açucar.chocolate derretido.unhas cor absinto.techno macumba.Déjà vu.buceta.callofduty.santos.convivio social.tequila.estranha.maça verde.benflogim.sex tel.cigarro preto.meia calça rasgada.poesia suja.carro velho azul.netbook.arte de gaveta.ressaca.prataria escura.tormento anelar.vinho velho com açucar.parapeito da janela.cochilo na rede.mpb-bossa.cílio postiço.paus.junkie.drink roxo.pé-de-chinelo.fino.Victoria Secret's.Bang Bang.todo mundo muito blasé babe.

Paro


Teu deserto, teu abrigo
Aonde você pode sumir
Eu esfarelo
Me desperto em grãos
Fantasiada de alegria inversa
Todos os relógios quebrados
Caminho um sentido ao contrário
Depois paro..

Sou seu carma, seu sobressalto
Teu próprio eu-lírico, tua arte, enviado
Sou a tormenta da sua agonia
Um átomo
Sou o rubor da carne
Seu passado

Se você se despir
Sou se reflexo
Se você se despedir
Sou sua chave
Em meio aos seus passos
Te contorno novos destinos
Caminho seu destino torto ao contrário
E depois paro.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Lindo


Acabou sua noite tudo bem mais claro
de manhã a gente toma café
Tudo em cima do muro
Muro de areia
No beijo da praça
Do sorriso lindo
Um sorriso lindo
talvez por um milagre
Escancarou minhas janelas
me embriagou da luz do dia
Me enfeitou de luz e
Deitou
Pousado ao colo
Só para eu te ver
Faz um olhar para mim
Teu amor tão bonito
Faz barulho e frio
Todo iluminado e puro
Presente no mundo
Suavemente

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Rotação
















ALTA ROTATIVIDADE


Os passos dele se suavizaram ao tocar a avenida, era dia, perto da madrugada, os primeiros comerciantes se preparavam na correria cotidiana da preguiça da manhã mal começada, a rotina de todos os dias, retalhados na cara amassada para o frescor de um novo dia. Ele se agarrava a atravessar a calçada e um sujo panfleto se agarrou a sua perna que o convidava à uma exposição irreverente da carne podre humana refletida no couro animal. Parecia ser irônico largar a arte na semana que recebe um convite que sempre quis ir, por puro acaso do caso.
Algumas meninas bêbadas riam insolentes na escadaria da esquina dividindo um cigarro sujo de batom cobre, rindo se escancarando a direção nenhuma. Ele se deparou consigo, pregado ao pé do semáforo as observando, como se não fizesse parte do cenário, apenas um expectador confuso no fim de uma boba novela das oito. A mocinha de cabelo ruivo lhe atira a guimba entre seus pés e ri em disparate pois a língua não consegue soletrar 'desculpe' e as amigas de roupa colorida a encorajam a ir até ele, mas quem vai é o próprio.

Uma caneta escorrega dos dedos frios e gelados. Quem disse que no Rio de Janeiro não faz frio? Parecia mais uma imagem de Londres, bucólica e cor de cinza e alguns raios de Sol começam a desbotar do céu fazendo um risco lhe atravessa a face em resposta. Ela olha o relógio da parede, faltam apenas quinze minutos para poder sair desse cubículo asfixiante, existem pelo menos duzentos como esse no edifício, mas apenas esse exala pressa, ansiedade e excitamento.
Jacques se levanta e desliga o monitor caminhando confiante até o banheiro, ela sabe que os cubículos ao lado a observam passar, suas pernas por dentro das meias-calças, seus seios escondidos dentro da blusa frouxa e seu sexo comprimido dentro da saia é o pensamento dos seus companheiros de trabalho, mas eles notando que Jacques é fria e não correspondentes acabam sempre se contentam com o 'Bom dia' simpático que ela oferece todos os dias.
Não é novidade o prazer que todos os homens do seu trabalho querem ter na sua cama, ela já aprendeu a usar a libido a seu favor, todos eles apenas querem uma coisa dela, e dizem tudo para conseguir. Juram largar as esposas, promessas malucas de promoções, mentiras retocadas que a tornara feliz, mas Jacques vive a ponto de vomitar-lhes palavras. Não há nada no sexo que ela já não sabe, isso é o que mais a aborrece. Evitando pensar nisso que se tranca no banheiro gelado e pateticamente branco, senta-se na tampa da privada, abaixa a meia calça e calcinha aos tornozelos, levanta a saia e deixa seu corpo prazeroso aproveitar os quinze minutos que faltam,sozinha.

Assim que Markus girou a chave liberando a entrada, ela o empurrou avidamente para dentro,invadindo o ar e lhe enchendo a boca com a língua quente ainda cheio de gosto de whisk barato, de cigarro e da noite mal acabada. Ela o beijava com os olhos alcoolizados, as mãos ligeiras desmanchavam a blusa aberta. Ele porém não se movia centímetro, apenas esperando-a tomar forma e o conduzir a qualquer que fosse o cenário, pressionou seus ombros se afastando um pouco para encará-la. Sua pele em tom claro perolado enfeitado por confetes de sardas avermelhadas fazendo algazarra no rosto e busto em harmonia com seu cabelo cor púrpura berrante se desajeitando no coque espalhado em desalinho da madrugada embriagada. Ela se despiu depressa, encarando o chão em uma guerra particular, revelava os seios pequenos, o ventre ajeitado nos quadris, as coxas abertas mostrando despudoradamente seu sexo bonito que ele observou mais atentamente, vendo apenas que este ponto crucial lhe pareceu mais arte do que a humanidade. Só o que não encaixava no quadro era seu rosto nada convincente, sua apatia e desamor com seu corpo estendido à ele tão claramente, sem excitamento, sem emoção, sem sentido. Suas mãos faziam um apelo mudo e o agarraram desesperadamente, como se a entrada em seu corpo pudesse salvá-la. Era irônico, ela completamente nua como Deus desenhou a mulher e ele estranhamente vestido como se pudesse memorizar seu efeito, quando já não pode mais olhar se rendeu ao pedido e deitou a seu lado. Como em um dar de ombros e colocando-se a beijar sua água salgada despencando dos seus olhos e desejando uma boa noite, um bom dia.


Acordou sem abrir os olhos, sentindo o som de uma música fina saindo do rádio da vizinha acompanhado de um aroma e uma fresta de Sol, encarou o teto e a meteorologia da televisão sem som, o relógio parado ao lado da cama. Jacques regulava toda sua rotina, todos os horários do seu dia e todos os dias da sua vida, todas as suas horas eram observadas e cheias de limitações de suas obrigações, todos os dias, exceto o domingo, este era o dia sem hora, sem cor, sem texto, sem gente, onde ela era dona de todas as horas, podendo ir e vir do mesmo momento dentro da sua imaginação. Era a única fantasia que se permitia fazer, se abster da rotina como todo mundo fazia e completava a sua forma como se as horas fossem de massinha de modelar fazendo filmes sem sentido em stop motion, sentia-se sua própria dona dentro do mundo feito em uma canção de bossa nova dos anos setenta, emprestados do apartamento de parede fina ao lado. Apertou um cigarro em seda-napo queimando a garganta e jogando a fumaça densa da boca para dentro da cabeça indo embora com elas as lembranças torpes, meio borradas da noite passada, que justificavam a inquietação, a necessidade de calcular seu tempo, fazendo seu corpo se retorcer em resposta. Como ela não sabia o quê era tal coisa, o que a havia acometido se prontificou a não fazer nada, exceto cantar a velha música em francês errado de propósito, como ela diria.


Irritado consigo mesmo e finalmente desperto, reabriu seu passado mais cedo e quando percebeu era noite, em um elipse real da sua própria figura desenquadrada, não tinha comido, nem bebido nada fazendo sua carne doer de exaustão. Sabia que estar vivo é não somente vagar e sim posicionar sua figura para outras pessoas constatarem sua existência, o quê ninguém viu, não pode existir ao mundo, e isso o agitava mais. Cinco telas estranhas e sem nexo o censuravam agora e por pouco ele poderia jurar que nunca as tinha visto antes até esse instante, como se as tivessem sido arrancado de dentro da sua mente em um ritmo tão ligeiro que o corpo não acompanhou. A casa cheirava a mulher e tinta a óleo deixando imaculado o lenço dela estirado no meio do caminho denunciando sua vinda e estadia. Nenhuma das cores e formas poderiam fazer demonstrações de como ela era por dentro, do que ele tinha visto, ou do gosto dos seus olhos, seus dedos cobertos por tintas substituíram os pincéis naquelas telas, nada realmente se parecia com suas próprias imagens e pode ver nitidamente que sua memória havia lhe traído, a todo instante sua imagem vinha e sumia antes de ser capturado. Em um canto afoito da janela via os letreiros reluzentes em neon o intimando a rua, mas não se permitiu mais uma noite acendendo velas a si próprio no Baixo Gávea, essa noite iria ser só de café e dela.


Aquele som a atormentava, confundiam seu caminho e sua esperança do certo e errado. Os carros agitados de fim de semana se esbarravam pelas ruas e pareciam contentes em atropelar uns aos outros com suas buzinas estridentes, que mais a distraiam que guiavam, as bicicletas coloridas na contra-mão ainda ponderando atalhos ou ruas compridas, todas em busca de caminhos rápidos e ela resgatando alma no fundo das lembranças de onde a sede insuportável começou. Ela só queria se tele-transportar rápido sem chamar a atenção demais dos seus cúmplices do tráfego que buscavam seus seios balançando no galope das ruas esburacas e percebendo o embaçado dos seus cabelos chamativos a cada jorrada de vento frio, chamando para si toda a atenção dos seus demônios pessoais e pareceu estupido endemoniar homens e correr ao encontro de um. Um dos seus perseguidores a chamou e se posicionou num tropego mais rápidos, e ela o ignorou rapidamente, em algum lugar do mundo das horas era tarde, e ela, só. Por um instante de segundo, ela sentiu culpa pelo desejo dos outros homens e quis que isso parasse para que pudesse seguir seu caminho sem medo, mas para sua desgraça um botão se desprendeu, enchendo a gula da malícia. Pedalou de olhos fechados. Se se esforçasse sentiria as mãos grandes já pousadas sobre ela.

Seus olhos se abriam e fechavam em sufocamento, era como se os olhos vissem pela primeira vez, sua boca estava seca em curva de sons incompreensíveis e nada era humanos em um dialeto bizarro de um dueto feito por bocas agora desocupadas, suas mãos agarradas ao lençol da cama com veemência , seus joelhos levemente curvado oferecendo seu calor que fez queimar todo o corpo, todo chão e ar.
Se movimentaram juntos em contraste corpóreo se arregalando de espasmos alucinógenos e pode sentir que alguma coisa estava errada, ou certa demais. Era algemada pelas pernas em posição de rendição, mas dessa vez ela não queria comandar, só queria poder brincar de domingo e esticar essa sensação, para sempre. A cada entrada, a cada saída sentia-se mais próximo do centro de todas os pecados carnais, não haveria uma só vontade que seu corpo pedisse naquele momento que pudesse negar e ela em resposta não ousou se modificar apenas estendeu a pelve, o colo, o útero se colocando despudoradamente a ele, em um pedido de mais. Seus seios em auto relevo, molhados e arrepiados se misturavam entre cabelos soltos enroscados pelo corpo, cada vez mais rápido e urgentes, cada vez mais impiedosos e prazerosos, o suor lhe escorrendo a pele enquanto mente incapaz de captar todos os sentidos ao mesmo tempo se prostrou a escapar um gemido de satisfação que resolveram falar igual, ambas transbordando de gozo, de sede, de realização e de prazer.

Ela ajeitou o relógio do domingo encerrado e já era hora de contar as horas.
Ele ajeitou as tintas na tela e as jogou fora,
O gosto do seu sexo por dentro em nada tinha gosto de tinta.

Seguindo

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