Pense em uma grande torta
doce. Pense melhor e imagine que é uma torta alemã, que pessoalmente é minha
favorita. Elas são rodeadas de biscoito de baunilha, glacê cremoso, massa fofa
e chocolate. O melhor chocolate em cobertura gelada.
Não há para meu paladar
gosto mais atraente, mas embora seja sim minha favorita e eu consiga ficar dias
falando de suas qualidades, não existe exclusividade alguma nesta torta e assim
como a minha torta preferida, existem tantas outras iguais e até melhores.
Engraçado como somos
parecidas, ela e eu, pois às vezes nós somos tortas. Pode ser que estejamos
soladas, frescas ou com muito açúcar, mas não é incomum sermos expostas em
grandes vitrines, com cobertura atraente e preço alto. Só que assim que alguém
leva à torta, aparece outra idêntica ocupando seu lugar. Não há muita unicidade
nesse setor.
Isso me deixa com uma sensação estranha, que por mais deliciosa que alguém
pareça, não importa muito quem é ou o que faça. Se alguém está em dúvida entre
você e outro sabor, ou se achar algo com a cara melhor, como a sensação cupcake
do momento, você pode ser substituído.
Esse
conceito pode parecer bobo (e é), mas é melhor ter isso fixo na cabeça do que
acreditar que é o contrário. Pode ter certeza, tem receitas que acham que são
únicas, que foram feitas uma vez e que você tem sorte de ter um pedaço dela.
Infelizmente tortas, não
é bem assim que funciona, não existe esses pedestais imaginários, envoltos em
uma camada de cobertura especial, cheios de retoque colorido do Instagram.
Ninguém é tão importante assim que não possa ter outro melhor.
É triste de ver, mas essa característica quase
doentia de se achar melhor que alguém por uma superioridade existente só dentro
da própria cabeça, pode ser também rapidamente diagnosticada por insegurança,
afinal nenhuma torta deve querer ficar pro dia seguinte.
Então existe uma
supervalorização de si mesmo absurda, uma corrida fantasiada onde devemos ser
melhores que os demais, aparecermos mais do que as demais, ficar mais apetitosa
do que os outros e isso tudo para que exatamente?
Eu estou nesse devaneio todo por um caso particularmente engraçado dessa
semana, quando acontece esse exagero de vaidade de uma pessoa se auto afirmando
demais. No meu caso, chegou a ser até mesmo um pouco cômico, mas me fez pensar
em como ouço casos do tipo ultimamente, em como as pessoas se projetam melhores
do que são por um medo surreal de acabarem sobrando.
Então eu observei a cena
de longe, vi o merchandising de si mesmo feito de bar em bar, de
mulher a mulher e achei tudo muito ridículo, meneei a cabeça e infelizmente (infeliz) reconheci
que em algum momento da vida todos somos assim.
Acho até normal se você
ainda é adolescente e confuso, mas depois dos vinte é bom repensar sobre isso
para não virar patológico. É uma atitude feia! Meu Deos como ela é feia! É mais
feia que qualquer imperfeição que na realidade possamos ter.
Posso ser eu feia, até
reconheço que estou um pouco solada e que o recheio está meio sem doce. De
repente não seja eu a melhor da vitrine, mas prefiro ficar aqui com cara de
ontem do que ficar fingindo por aí que sou creme brulee, só que com gosto de
gelatina, pois tenho certeza que se alguém decidir levar pra casa, não vou
estar enganando ninguém.
Minha amiga torta (em que sentido deixo ao seu critério, rsrsrs), o mundo hoje é uma vitrine em que todos querem ser os primeiros a serem comidos (em que sentido deixo novamente ao seu critério, rsrsrs), e ninguém se contenta com um pedaço só, as pessoas hoje estão muito gulosas. E aí é um tal de misturar limão com baunilha, chocolate com queijo que acaba ficando indigesto pacas. Por isso prefiro os sabores simples, minha amiga sabor tortinha de belém. rsrsrsrs
ResponderExcluirQuerido amigo, se eu pudesse escolher ser um doce, seria a broa.
ExcluirNão é muito comum pedirem, os que gostam, gostam muito e ela fica boa depois de velha, mas quentinha, saindo do forno, não há quem resista! rs
Mas você está certo, essa mistura de gente vai dar indigestão, logo logo..