sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Às vezes em mim não há amor


O orgulho escarrado de mim, já não foi mais justo, pois em mim, não havia mais nada.

O amor que começa no verão é sempre um mal presságio.

E nesse caso era um verão de arder, aqueles que a cama grita e te expulsa do corpo quente.

Para mim, todo romance é inverno, talvez primavera.

Mas você nasceu do incômodo, do suor, daqueles dias que o calor é bonito, mas não se chega
a ver o mar.

E agora no embarque do trêm de manhã ainda tão cedo, quase não se vê me ninguém.

Toda aquela angustia sufocante, se faz em lágrima, que de tão seca nem atinge o chão.

Minha carne doída da noite passada, quando você insistiu no que eu mais tinha pavor, de
estarmos todos nós, juntos, eu, ele e você também.

Agora a minha embriaguez era um incômodo, justo para você que minha sobriedade sempre
foi teu problema, era o que te valia em mim, me levar a cama bêbada, liberta e que se pudesse
sugar de mim toda a quentura dos dias de verão.

Te via encher menos o meu copo, me oferecer menos alambique, comprar uma coca pra me
adoçar, talvez soubesse que eu não me mando bêbada e soubesse que o que eu quero estava
na outra esquina da mesa, tão rindo e estando com a gente. Sim você sabia quem ele era e
quem eu era dele. Notei em você um incomodo crucificante quando me arrumei com teus
adereços para enfeitar o desejo de outro, eu estava esperando que você sequer dissesse,
que você sequer me punisse ou me odiasse, estava esperando qualquer coisa que não fosse
condescendente conosco, com minha criminalidade.

E pelo contrário, você inventava histórias para que ficassemos todos alí, bebendo como apenas
todos amigos, eu vez ou outra o fitava no outro canto, e sabia que ele queria me olhar mais,
me querer mais, me possuir mais enquanto você podia me ter de tudo, mas só tinha do que
convinha.

Ele que sempre me acariciava as coxas em público, correndo todos aqueles riscos, não apenas
o risco de você descobrir, mas das outros mal olharem. Eu não negava, não poderia e quando
ele me pressionava em uma dessas ruas escuras, tão propícias para amantes eu não podia
dizer ou pensar mais nada, quando ele entrava violentamente e me arrebatava, eu não
poderia fazer mais nada contra nós, eu oferecia meus seios, minha pele, minha garganta
e ele engolia todos, me engolia de um todo e já não havia mais presas que pudessem me
desprender dele, ele possuia meu corpo e eu podia só possui-lo também.

Quando a conversa já não tinha mais jeito e o caminho pra casa se fez mais certo, era o mais
correto eu te levar para casa, para cama, o que se fez irônico, por que era sempre o contrário.
Mas a tua frieza me atingia grosseiramente em contraste com todo aquele calor. Você
protegido dentro de casa, embaixo dos dos lenços me despindo, vendo e conferindo, tudo que

outro fez em mim e quanto o corpo que tu levava pra casa te traiu antes de mim.

Era triste, pois esse corpo já não pertencia a nenhum de nos dois, e vi nos teus olhos todo o
entendimento de tudo feito, eu sei que eu não devia e que se me punir agora seria o correto.

Mas você sempre tão elegante em sua dor, a dor que eu tanto quis ver de perto, tua
humanidade tão distante e agora tão próxima e tão tardia, descobrir em você sentimento
de instinto, agora que você já sabe que não sou mais sua, mas ainda me encontro aqui para
te satisfazer no que havia te prometido e não havia mais o que ser dito ou feito, estavamos
condenados, eu de nunca nos perdoar e você de nunca me entender.

‘Carrega a tua nudez, romance que não deu

Tua saia, teu vestido, o brinco que eu te dei

Tua carne, meu sentido a boca que eu beijei.’

"Emma Bovary c'est moi"

Procuro nos búzios e no horóscopo o resto da minha dignidade. Tento ser mais cética, mais durona, mas sou totalmente tendenciosa quando alguma coisa diz que eu posso ser feliz. É sempre mais fácil culpar o autosabotamento com signos do zodíaco ou algo que se preze, do que entender que você, independente de onde marte esteja neste exato momento, gosta de arrancar as próprias penas apenas para ver aonde dói. 
Gosta de se cutucar para ver aonde sangra, aonde incomoda, que parte do seu corpo sente mais falta dele, em que momento do dia você perde a razão, fica sem ar, o porquê grita tanto internamente ao ponto que se deita exausta de tanta coisa que é sua, mas que você não sabe lidar, e por isso é fácil apelar para o impalpável e para todas as superstições existentes para que tirem a culpa que você carrega de querer tanto ser como os outros, mas não é.
O amor que tanto se proclama, dessa busca e espera infindável, "que chegue e será bem vindo, que será esperado" que some em alguns meses, que se sobrepõe na esquina por um outro qualquer, por essa falta, esse buraco no estômago, essa fome de se sentir amado, de se sentir querido, de se sentir seguro, quando amor é nada além da sensação de estar caindo e não saber onde se segurar.
E por isso eu culpo toda e qualquer manifestação esotérica, pelo meu amor volúvel que vai para qualquer pessoa que me desperte algo que valha terminar o dia, e sendo assim é mais fácil despejar em alguma coisa impalpável a minha incapacibilidade de ser como o resto das pessoas.
Porque eu nunca tive motivos para acreditar em nada que dure para sempre. Porque eu sempre fui tocada pelas mais diferentes formas de vida e por qualquer frase um pouco mais inteligente, porque dói entender que a posição da lua não interfere no quanto eu morro um pouco todos os dias. Porque eu acredito em tudo e isso de não descartar nada, me faz voltar para casa depois de me apaixonar a cada esquina, e querer uma cama só.


Eu me machuco pra saber onde dói, mas hoje sei exatamente que parte de mim sente mais falta dele. Tudo. .' 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fish Eyes

Da Lomo que comprei para o Erick ano passado, acho.
Quase não consigo sintonizar boas fotos, desse último filme gostei só dessas..



 


"O homem é dono do que cala e escravo do que fala."

Noutras vezes você tenta feito louca, rasgar as minhas páginas..

Nada mais me representa tanto nesse momento quanto isso, era tudo que eu queria dizer, a quem pelo visto não é disposto a ouvir.



Seguindo

Visualizações de página